A B3 lançou na quarta-feira (17) seu contrato futuro de Bitcoin (BTC) para investidores brasileiros, o BITFUT. Cerca de 7,4 mil negócios foram realizados na sessão de estreia, 111 mil ordens de compra e venda, segundo dados da bolsa de valores.
Mas, embora o veículo seja novidade na B3, ele já existe há bastante tempo em corretoras de criptomoedas internacionais, como Binance, OKX e Bitget, além de ter sido lançado há seis anos no CME Group, nos Estados Unidos. Entenda, a seguir, quais são as principais diferenças, vantagens e desvantagens entre os contratos da B3 e os futuros das chamadas exchanges.
Regulação: B3
Uma das vantagens do produto brasileiro diz respeito à regulação. O BITFUT é o primeiro contrato futuro de Bitcoin devidamente regulado oferecido por uma instituição integrante do sistema financeiro nacional. “Trata-se de mais uma alternativa de investimento regulado em criptoativos, além dos fundos e dos ETFs (fundos de índice)”, disse João Marco Cunha, diretor de gestão da Hashdex.
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Algumas empresas com operação no Brasil tentaram lançar futuros de BTC sem autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas não deu muito certo. A Binance, maior exchange de criptomoedas do mundo, foi uma delas. Por causa do desrespeito à legislação local, a empresa responde a um processo administrativo sancionador no órgão.
O produto da B3, como é regulado, é visto como tendo mais chances de atrair o interesse de investidores institucionais, que preferem e só podem usar ambientes tradicionais em vez de exchanges de criptomoedas.
Não há vedação, no entanto, para o investidor que opta por acessar derivativos por plataformas estrangeiras, conforme explica Isac Costa, professor do Ibmec e advogado. “Qualquer investidor pode abrir uma conta em uma exchange estrangeira e negociar os produtos que ela oferecer. O problema está na ponta da oferta – se a empresa ofertar a investidores brasileiros sem registro produtos que exijam autorização prévia, então ela comete infração administrativa”.
Horário de negociação: exchanges
Uma das desvantagens do produto brasileiro é a limitação do horário de negociação. Fabrício Tota, diretor de novos negócios do MB, disse que nas exchanges o trading de Bitcoin acontece 24 horas por dia, 7 dias por semana. Na bolsa de valores, por outro lado, as negociações só podem ser feitas de segunda a sexta-feira, entre 9h e 18h30.
Segurança: B3
Se uma empresa cripto gringa quebra, o investidor perde todo o dinheiro, como ocorreu em casos como FTX, Voyager Digital, Celsius e tantas outras. Na B3, disse o trader André Felipe Kod, esse risco não existe. “O medo de operar em uma corretora (estrangeira), que pode fechar a qualquer momento e perder tudo, acaba”.
Arbitragem: B3
Os futuros da B3 têm como referência o Nasdaq Bitcoin Reference Price, o mesmo índice do BITH, o fundo de índice mais negociado no Brasil. Segundo Cunha, isso facilita operações de arbitragem e “demonstra o grande potencial que esse produto tem”.
Alavancagem: exchanges
Enquanto exchanges costumam limitar alavancagem em 100 vezes, o BITFUT possibilita alavancar a posição em até 330 vezes – o que torna seu uso mais arriscado, segundo Tota, do MB, porque traz riscos significativos de perda de capital. “Os futuros também são produtos complexos que podem envolver custos elevados, especialmente em termos de corretagem em situações de stop compulsório”, disse.
Diversidade de ativos: exchanges
Além do Bitcoin, as corretoras estrangeiras oferecem futuros de outros criptoativos. Na Deribit, por exemplo, é possível também negociar futuros de Ethereum (ETH), USD Coin (USDC) e Tether (USDT), além de contratos de opções de outros tokens.
Facilidade tributária: B3
Além da insegurança com as operações com exchanges estrangeiras, investidores têm dificuldade de realizar a apuração de ganho de capital, quando aplicável – na maioria dos casos, o trader precisa fazer a conta de lucros manualmente. Já na B3, que opera dentro das regras da CVM e da legislação brasileira, há facilidade para levantamento de documentos e informações para o Imposto de Renda, ressalta o trader veterano Alexandre Wolwacz, conhecido como Stormer.
Flexibilidade de custódia: exchanges
Nas corretoras, segundo Tota, os usuários podem transferir seus criptoativos a qualquer momento para outras plataformas para carteiras pessoas, de modo a fazer autocustódia, o que não é possível com futuros na B3, pois os ativos ficam confinados à bolsa até o vencimento do contrato.
Para quem os futuros da B3 são voltados?
“Para um investidor/trader com a operação apenas no Brasil, não tão sofisticado no ecossistema cripto (principalmente quanto à movimentação dos Bitcoins, custódia etc), os futuros da B3 se mostram uma ótima opção, sendo muito bem-vinda”, disse Luis Martins, gestor de fundos na Coinext Asset.
Por terem alto custo de carrego, os futuros de Bitcoin são uma alternativa ineficiente para posições de longo prazo, disse Cunha, da Hashdex. Por outro lado, falou, “facilidades como a boa liquidez, a possibilidade de operações alavancadas ou vendidas e a janela de negociação mais longa são atrativas, especialmente para trades de curto prazo”.