O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reclamou de o tema do projeto sobre autonomia financeira e administrativa do órgão ter sido mencionado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para a imprensa.
“Esse tema não é para ser tratado na mídia, foi o que combinei com o ministro Haddad. É tema técnico”, afirmou Campos, durante entrevista coletiva em São Paulo, após a divulgação do Relatório de Inflação (RI) trimestral.
Na quarta-feira (27), em entrevista à CNN, Haddad disse que Campos Neto “deveria ter conversado antes com Lula sobre PEC da autonomia plena do BC”.
A proposta foi apresentada pelo presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), e é patrocinada pelo presidente do BC.
Nessa quarta (28), em São Paulo, Campos Neto reforçou que o projeto foi encaminhado pelo Legislativo, e não pelo Banco Central, mas que o BC pode contribuir. Segundo ele, não houve nenhum projeto do Legislativo sobre o BC, na sua presidência, com o qual o órgão não tenha contribuído.
Campos Neto disse que o BC está fazendo uma ponte entre Legislativo e o governo. Ele afirmou que há disposição para ceder em vários temas e que “estão esperando o governo para conversar sobre isso, onde puder ajudar a fazer essa conexão”.
Ele afirmou que o BC tem, há algum tempo, a percepção de que o órgão precisa de uma modernização administrativa e que vá além. “É um erro pensar que é somente sobre remuneração de funcionários”, afirmou.
Segundo Campos Neto, o orçamento do BC para projetos, por exemplo, é um quarto do que era quatro anos atrás, em valores nominais. “Claramente, não é suficiente”, disse.
O presidente citou um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo o qual banqueiros centrais dizem que a autonomia mais importante é a administrativa.
