O PL está dividido sobre a melhor estratégia em relação à pré-candidatura do deputado Alexandre Ramagem (PL-RN) à prefeitura do Rio de Janeiro, após a Polícia Federal revelar troca de mensagens entre o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nas quais auxilia o ex-mandatário com informações sobre investigações que envolviam o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o ex-assessor Fabrício Queiroz.
É o caso, inclusive, de Ramagem, que foi lançado pelo ex-presidente à prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Contribuem para complicar ainda mais a situação do parlamentar e pré-candidato as investigações da PF no âmbito da Operação Última Milha, que apontam irregularidades no uso de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar autoridades e desafetos políticos de Bolsonaro. Na época do esquema, Ramagem estava à frente da Abin.
O entorno de Bolsonaro também demonstra desconforto com a gravação, supostamente feita por Ramagem, de reunião em que o ex-presidente discute sobre o suposto caso de rachadinha no gabinete do filho com o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno. Uma ala do PL passou a defender que a pré-candidatura de Ramagem seja abandonada.
Chances contra Eduardo Paes (PSD)
A avaliação é que a situação já não estava fácil, com o prefeito Eduardo Paes (PSD) com chances reais de ser reeleito já no primeiro turno. Com os novos episódios, a leitura é que o cenário ficou ainda mais preocupante para o nome escolhido pela legenda para disputar o comando do Palácio da Cidade.
Esse grupo avalia que a manutenção da pré-candidatura pode contaminar a postulação de outros nomes alinhados a Bolsonaro. Outros integrantes da sigla, por sua vez, acreditam que a retirada dele da corrida eleitoral seria “passar recibo” sobre o que tem sido revelado pelas investigações.
Para essa ala, a permanência de Ramagem na disputa corrobora com a narrativa de perseguição política contra Bolsonaro e seus aliados de primeira hora.
Apesar da divisão, Valdemar já sinalizou a interlocutores que não tomará nenhuma decisão sem ouvir Bolsonaro. Tem pontuado ainda que o martelo sobre a manutenção ou não da pré-candidatura só será batido após o debate estar maduro.