O duopólio aeroespacial, composto hoje por Boeing e Airbus, será rompido pela Embraer (EMBR3), de acordo com análise do Morgan Stanley. O banco considera que a companhia brasileira é o terceiro principal player do setor e vê forte crescimento com a companhia “colhendo os frutos” após décadas de investimentos. Assim, a companhia é a top pick do banco entre as empresas aeroespaciais.
Com esse cenário, a Embraer foi mantida com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, similar à compra), com o preço-alvo mais do que dobrando, saindo dos US$ 19,50 anteriores para US$ 40,00 (+105%) para os ADRs (American Depositary Receipts, recibos de ações brasileiras negociadas em bolsas dos EUA) ERJ da companhia, ou um potencial de alta de 87% frente o fechamento da véspera. O banco considera que qualquer fraqueza potencial das ações abriria um ponto de entrada atraente para a história de crescimento de vários anos do nome.
Com isso, às 11h35 (horário de Brasília) desta quinta-feira (14), as ações EMBR3 subiam 5,63%, a R$ 28,15, com alta similar dos ADRs na Bolsa de Nova York.
Masterclass
As Ações mais Promissoras da Bolsa
Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita
A empresa brasileira se apresenta como uma competidora à altura em um ambiente de demanda excedendo a oferta por aeronaves, avaliam os analistas. As duas principais companhias do setor, Boeing e Airbus, enfrentam desafios próprios, com a primeira apresentando dificuldades na produção e entrega de aeronaves e a segunda com backlog já preenchido até o final da década. Nesse contexto, a brasileira está posicionada para prosperar neste ciclo, após investimentos e ampliação do portfólio em aviação comercial, aviação executiva, defesa & segurança e serviços.
“A empresa possui um portfólio renovado de novos produtos como o E190-E2 e E195-E2 na categoria de jatos de passageiros comerciais, o Phenom 100/300 e o Praetor 500/600 em jatos executivos, o KC-390 Millennium na defesa e capacidades expandidas de Manutenção, Reparo e Revisão (MRO) em serviços. A Embraer evoluiu de um fabricante de aeronaves de nicho para uma empresa globalmente proeminente e diversificada no setor Aeroespacial & Defesa, pronta para conquistar participação de mercado”, considera o Morgan.
O banco estrangeiro reviu o modelo para a companhia, para refletir o potencial de lucro de longo prazo conforme “emerge de múltiplos ciclos de investimento e entra em um período de colheita”. Nos novos números, o Morgan projeta receita acumulada (entre fim de 2023 a fim de 2028) em US$ 680 milhões para US$ 3,9 bilhões (cerca de 21% de aumento em relação à projeção anterior). As estimativas de receita do banco estão 2,5% acima do consenso para 2024, 8,1% acima para 2025 e 9,4% acima para 2026. O fluxo de caixa livre (FCF, na sigla em inglês) foi mais que dobrado, com aumento de 153%, para US$ 422 milhões (majoração de US$ 262 milhões), ficando 25,3% acima do consenso para 2024.
Se você gostou desse post, não esqueça de compartilhar!
Dentre os três catalisadores positivos para as ações citados pelo banco, estão a resolução do processo de arbitragem entre Boeing e Embraer em relação à malsucedida aquisição da companhia americana da divisão de aeronaves comerciais da brasileira, com potencial acordo em dinheiro. Além disso, a Embraer deve retornar como empresa pagadora de dividendos em 2025, com expectativa do Morgan que a iniciativa ocorra ainda no segundo semestre deste ano. A empresa brasileira deverá, ainda, receber pedidos adicionais de aviação comercial e de defesa e há destaque de ventos comerciais mudando a favor da companhia. Em comparação com a concorrentes, a Embraer recebeu mais pedidos de aeronaves (considerando pedido da American Airlines de 90 Embraer E175s) e ficou com backlog preenchido até 2026.
Na visão do Morgan, o mercado ainda ignora a mudança estratégica promovida pela companhia, que se tornou uma empresa mais lucrativa e estável. Investidores ainda não teriam a visão de que a Embraer finalmente colhe os frutos para rompimento do duopólio. Nesta quinta, o BTG Pactual também destacou Embraer como sua top pick no setor de transportes e bens de capital.