O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou deflação de 0,47% em março, após queda de 0,52% em fevereiro, informou o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
Com esse resultado, o índice acumula quedas de 0,91% no ano e de 4,26% nos últimos 12 meses. Em março de 2023, o índice tinha registrado taxa de 0,05% no mês e acumulava aumento de 0,17% em 12 meses anteriores.
“No Índice ao Produtor, destacam-se como principais vetores de aceleração alguns alimentos in natura: laranja, ovos e mamão. Essa tendência ascendente foi moderada pelo desempenho de commodities chave no IPA, como minério de ferro, café e arroz em casca, que apresentaram variações menos expressivas. No segmento voltado ao consumidor, observou-se uma desaceleração pautada principalmente pelos grupos Alimentação e Educação, Leitura e Recreação. No setor da construção civil, a mão de obra experimentou uma ligeira aceleração, influenciando um incremento modesto na taxa média, evidenciando os diferentes fatores que impactaram a composição do índice neste período”, disse André Braz, coordenador dos índices de preços do FGV Ibre e responsável pelo indicador, em comentário no relatório.
Com peso de 60%, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) caiu 0,77% em março, uma queda menos intensa que a observada em fevereiro, de 0,90%.
Analisando os diferentes estágios de processamento, percebe-se que o grupo de Bens Finais variou 0,03% em março, porém inferior à taxa de 0,35% registrada no mês anterior.
Esse decréscimo foi impulsionado principalmente pelo subgrupo de alimentos in natura, cuja taxa recuou de 5,15% para 2,17% no mesmo intervalo. Além disso, o índice correspondente a Bens Finais “ex”, que exclui os subgrupos de alimentos in natura e combustíveis para consumo, apresentou nova queda de 0,22% em março, contra o recuo de 0,25% em fevereiro.
A taxa do grupo Bens Intermediários subiu 0,22% em março, invertendo o sentido em relação ao observado no mês anterior, quando registrou queda de 0,42%. O principal fator que influenciou esse movimento foi o subgrupo de combustíveis e lubrificantes para a produção, cuja taxa passou de queda de 1,52% para alta de 0,60%.
O índice de Bens Intermediários “ex”, que exclui o subgrupo de combustíveis e lubrificantes para a produção, registrou alta de 0,16% em março, após queda de 0,22% observada em fevereiro.
O estágio das Matérias-Primas Brutas apresentou queda de 2,71% em março, fomentando o comportamento de fevereiro, quando caiu 2,67%.
A desaceleração desse grupo foi principalmente influenciada por itens chave, tais como o minério de ferro, que intensificou a queda de 1,22% para 13,27%, os bovinos, cuja taxa passou de recuo de 0,05% para queda de 1,95%, e o arroz em casca, que despencou de uma queda de 0,91% para um decréscimo de 10,33%.
Em contraste, alguns itens tiveram um comportamento de alta, entre os quais se destacam a soja em grão, que se abrandou a queda de 14,18% para 0,47%, o milho em grão, com variação negativa de 7,11% para 2,35%, e a laranja, que teve um aumento de 8,14% para 17,27%.
Com peso de 30% no IGP-M, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou alta de 0,29%, recuando em relação à taxa de 0,53% observada em fevereiro.
Entre as oito classes de despesa do componente, cinco exibiram desaceleração em suas taxas de variação. O maior impacto veio do grupo Educação, Leitura e Recreação, cuja taxa de variação decresceu de alta de 0,11% para queda de 1,85%.
Dentro dessa classe de despesa, a FGV destaca o recuo significativo no preço do subitem passagem aérea, que passou de queda de 4,78% na medição anterior para recuo de 10,53% na atual.
Também apresentaram recuo em suas taxas de variação os grupos Alimentação (1,09% para 0,68%), Despesas Diversas (1,52% para 0,81%), Comunicação (0,46% para -0,06%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,51% para 0,42%).
Os destaques nesses segmentos foram, respectivamente, hortaliças e legumes (7,10% para -0,29%), serviços bancários (2,23% para 1,45%), combo de telefonia, internet e TV por assinatura (0,86% para -0,10%) e artigos de higiene e cuidados pessoais (0,78% para 0,64%).
Em contrapartida, os grupos Habitação (0,19% para 0,47%), Transportes (0,45% para 0,64%) e Vestuário (-0,17% para 0,13%) exibiram crescimento em suas taxas de variação.
Dentro dessas classes de despesa, os destaques foram aluguel residencial (1,16% para 3,25%), tarifa de ônibus urbano (-1,57% para 0,50%) e calçados femininos (-1,05% para 0,38%).
Por fim, com os 10% restantes, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M), já divulgado no começo da semana, subiu 0,24%, um valor ligeiramente superior à taxa de 0,20% observada em fevereiro.
Analisando os três grupos constituintes do INCC, observam-se as seguintes variações na transição de fevereiro para março: o grupo Materiais e Equipamentos apresentou uma elevação, passando de 0,20% para 0,26%; o grupo Serviços teve um recuo de 0,49% para 0,14%; e o grupo Mão de Obra registrou avanço, variando de 0,16% para 0,23%.
Apesar de ser considerado o indicador do mês fechado, para o cálculo do IGP-M e de seus componentes, são comparados os preços coletados do dia 21 do mês anterior ao dia 20 do atual (o de referência) com os do ciclo de 30 dias imediatamente anterior.