O Ministério dos Povos Indígenas vai formar jovens lideranças em diplomacia indígena para atuar na COP30, que se realiza no ano que vem em Belém (PA), disse hoje a ministra Sônia Guajajara, em palestra no segundo dia da Brazil Conference em Harvard e MIT, em Cambdridge, nos Estados Unidos. Neste momento, afirmou, a pasta está organizando um chamado público para atrair jovens lideranças para o programa.
“Esses indígenas vão atuar em eventos adjacentes e na interação direta com os negociadores da COP”, afirmou, acompanhada do governador do Pará, Helder Barbalho, de Rodrigo Medeiros, CEO da Re:wild, ONG fundada pelo ator Leonardo DiCaprio, e pelo líder de setor público da AWS Brasil, Paulo Cunha.
De acordo com a ministra, a proposta é preparar esses representantes indígenas acerca dos diversos temas que serão debatidos, para que tenham condições de participar efetivamente da tomada de decisões. “A meta é zerar o desmatamento até 2023 e estamos confiantes de que os povos indígenas podem contribuir para conter a crise climática”, observou. “É hora de mostrar que a floresta em pé vale mais do que a floresta morta”, acrescentou.
A iniciativa dá sequência à trajetória de inserção dos povos indígenas na política brasileira, recentemente coroada com a criação de um ministério específico.
Durante o painel, em uma das salas do Massachusetts Institute of Technology (MIT), o governador do Pará rejeitou as especulações de que a COP poderia não acontecer mais em Belém. Conforme Barbalho, a capital paraense vai sediar o evento, a despeito dos desafios urbanos que Belém, assim como outros grandes centros da América Latina, oferece.
“Queremos aproveitar o evento para resolver parte disso”, afirmou Barbalho, após destacar que a COP 30 representa uma oportunidade nunca antes vista para que o mundo adote a floresta como solução para a crise climática.
Conforme o governador, a realização da COP no país torna o momento ideal para mostrar que a Amazônia é parte importante da solução para a crise climática, mas meio ambiente e povos da floresta precisam ser contemplados nessa solução.
“A COP da floresta é a arena para assegurar um legado, para que o mercado de carbono possa acontecer efetivamente e que a captura do carbono seja a nova economia que vai financiar a preservação, para que a bioeconomia possa estar no mesmo nível de atenção”, afirmou.
Para Medeiros, da Re:wild, em Belém, o mundo vai enfrentar o desafio de chegar a um novo acordo global para conter o aquecimento global, tarefa na qual vem falhando há anos. “Queremos que seja um ponto de ruptura importante, para virar a página da última década [de fracasso]. A gente precisa e vai manter a floresta em pé. Se conseguirmos para a Amazônia, conseguiremos para todo o resto”, afirmou.
A repórter viajou a convite da Brazil Conference em Harvard e MIT.