Os juros futuros encerraram a sessão em alta, mais acentuada nos vencimentos intermediários e longos. Assim, a curva teve ganho de inclinação, motivado pelo estresse do cenário externo. A disparada do retorno dos Treasuries e o aumento da pressão no câmbio acabaram por afetar principalmente os vértices longos.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 9,925%, de 9,910% no ajuste de quinta-feira, e a do DI para janeiro de 2026 subia de 9,89% para 9,93%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,21%, de 10,15%, e o DI para janeiro de 2029 projetava taxa de 10,74%, de 10,65%.
Abril começou com tensão nos mercados globais. Apesar do índice de preços dos gastos com consumo (PCE, em inglês), medida preferida de inflação do Federal Reserve, divulgado na sexta-feira, ter vindo em linha com as estimativas, o discurso do presidente da instituição, Jerome Powell, também na sexta, pesou sobre os negócios, combinado à surpresa de dados industriais dos Estados Unidos que saíram nesta segunda pela manhã.
As Ações mais Promissoras da Bolsa
Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita
Ele afirmou que os dirigentes não veem como apropriado cortar juros até conquistarem confiança de que a inflação esteja em trajetória de queda sustentada. Já o PMI Industrial, apurado pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM, em inglês), subiu de 47,8 em fevereiro para a 50,3 em março, mais do que o esperado (48,5) e mostrando expansão pela primeira vez desde o fim de 2022.
Leia também
Chance de Fed abrir ciclo de corte de juros em junho cai a 53,6%, após dados e Powell
Como consequência, o risco de manutenção na faixa atual (entre 5,25% e 5,50%) em junho avançou de 39,6% para 46,4%
PMI industrial dos EUA medido pelo ISM sobe a 50,3 em março, o mais alto desde 2022
O indicador entrou em território de expansão – acima de 50,0 – pela primeira vez desde setembro de 2022; resultado também ficou acima das projeções de analistas
As apostas no orçamento de corte de 75 pontos-base no juro dos EUA este ano ainda eram o cenário mais provável (33,8%) no fim da tarde, mas a probabilidade de um total de 50 pontos saltou de 24,8% para 30,5%. Ainda, houve recuo na chance do Fed cortar 100 pontos-base, passando de 23,6% quinta-feira para 17,3% nesta segunda.
O juro da T-Note de dez anos voltou a romper 4,30%, chegando até 4,33% na máxima da sessão, e o dólar subiu até R$ 5,0705 na máxima, para fechar em R$ 5,0591, mesmo num dia positivo para as commodities, que são também variável-chave para a inflação. Subiram tanto o petróleo – que fechou no maior patamar desde outubro – quanto o minério de ferro, mas os grãos recuaram.
A reação dos DIs ao cenário internacional passa principalmente pela desempenho desses ativos. Na ata, o Copom reiterou que não há relação mecânica entre a condução da política monetária norte-americana e a determinação da taxa básica de juros, mas estará atento a mecanismos de transmissão para os preços domésticos.
O gerente de Renda Fixa e Distribuição de Fundos da Nova Futura Investimentos, André Alírio, acredita que o mercado tende a se acomodar nos próximos dias. “Num passado recente, Powell disse que não necessariamente todos os indicadores teriam de estar alinhados para começar a cortar juros e acho que essa ideia é que deve prevalecer. O que estamos vendo hoje não deve perdurar ao longo da semana”, prevê.