A Multi (ex-Multilaser), fabricante de eletroeletrônicos, eletroportáteis e motos elétricas, reportou prejuízo líquido de R$ 836 milhões em 2023. Esta é a primeira vez em 15 anos que a companhia fecha no vermelho – em 2022, ela teve lucro de R$ 90 milhões. Segundo o presidente, Alexandre Ostrowiecki, o resultado negativo é fruto do maior provisionamento de estoque obsoleto, do conservadorismo fiscal e do investimento em tecnologia, que possibilitou a migração do sistema de gestão em nuvem computacional da Totvs para a SAP.
Também contribuiu para esse resultado a queda no faturamento. É que, com tanto estoque, a empresa decidiu fazer promoções e sair de linhas deficitárias como as de smartphones, materiais esportivos, decoração, bicicletas elétricas e equipamentos de segurança.
Assim, houve recuo de 20,2% na receita anual, para R$ 3,5 bilhões. Já no quarto trimestre o decréscimo foi maior, de 24,4%, para R$ 840,8 milhões.
Os custos das mercadorias vendidas aumentaram 1,9% no ano, totalizando R$ 3,31 bilhões. Isso se deu por causa do preço da estocagem dos itens. “O resultado não foi satisfatório, mas agora estamos com a casa limpa e dinheiro em caixa”, afirma Ostrowieck.
A empresa terminou o ano com R$ 787 milhões em caixa, o maior valor já registrado. Entre os motivos, estão a venda de cerca de R$ 1 bilhão de estoques e a redução de despesas operacionais, após uma readequação de equipe.
Assim, excluindo o endividamento que girava em torno de R$ 600 milhões, a Multi tem quase R$ 200 milhões livres. “É, portanto, uma empresa sólida”, disse seu presidente.
Perguntado se pretende fazer cortes de pessoal, o executivo não descarta ajustes pontuais em algumas áreas de negócios, mas nada em grande escala.
Com relação à margem bruta, Ostrowieck afirma que o indicador voltou ao campo positivo em 2024, após fechar o quarto trimestre do ano passado em 9,4% negativos. Ele diz que, se fossem descontadas as linhas que agora estão fora de produção, a margem bruta teria sido de 23% nos três meses encerrados em dezembro.
Uma novidade para este ano é a parceria com a fabricante de televisores chinesa Hisense. Segundo o executivo, as primeiras TVs vão chegar ao mercado entre abril e maio, e a fábrica de Manaus (AM) vai passar a ter três linhas de produção de televisores. “Também estamos construindo o nosso oitavo galpão em Extrema (MG), que vai ter 8 mil metros quadrados”, afirma Ostrowieck, que aposta na volta das compras por parte dos varejistas.