Como doar medula óssea? Tire dúvidas sobre o procedimento

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por Redação

A empresária e influenciadora Fabiana Justus, de 37 anos, filha do empresário Roberto Justus, recebeu uma doação de medula óssea 100% compatível de um doador anônimo. A notícia foi compartilhada no instagram da influenciadora nesta quarta-feira, 27.

Em janeiro, Fabiana foi diagnosticada com leucemia mieloide aguda e realizou tratamento de quimioterapia durante um mês. No seu instagram, ela destacou a importância da doação e agradeceu o doador anônimo pelo gesto. Mas quem pode doar medula óssea? Como é feito o procedimento? Veja abaixo respostas para as principais dúvidas sobre o tema.

O que é medula óssea?

É a região do corpo que produz as células sanguíneas, como as hemácias (que transportam oxigênio) e os leucócitos (que protegem o organismo de infecções). Ela está localizada no interior dos ossos e as suas células que produzem as células sanguíneas são chamadas de células-tronco hematopoiéticas.

É importante destacar que trata-se de uma estrutura diferente da medula espinhal, composta por células nervosas e localizada na coluna vertebral.

Quem precisa da doação de medula óssea?

Pessoas com doenças que comprometem a produção das células sanguíneas, segundo o Ministério da Saúde. É o caso de alguns pacientes com leucemia, síndromes de imunodeficiência congênita ou aplasia de medula óssea.

Trata-se de um comprometimento bastante grave, que deixa a pessoa vulnerável a infecções, anemia e sangramentos, de acordo com o hematologista Fernando Barroso Duarte, presidente da Sociedade Brasileira de Terapia Celular e Transplante de Medula Óssea (SBTMO).

Quem pode doar medula óssea?

É possível doar medula óssea para um parente (pelo fato de aumentar a chance de compatibilidade) ou para desconhecidos, por meio do Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). Para esse formato, o Ministério da Saúde estabelece alguns critérios para a doação de medula óssea. São eles:

  • Ter entre 18 e 35 anos;
  • Estar em bom estado de saúde;
  • Não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue, como HIV ou hepatite;
  • Não ter histórico de câncer, doenças autoimunes ou hematológicas.

O hematologista Jayr Schmidt Filho, líder do Centro de Referência de Neoplasias Hematológicas do A.C. Camargo Cancer Center, explica que o limite de 35 anos é para cadastro no Redome. Mas após o cadastro, o doador permanece no banco de dados e pode doar até os 60 anos. “Para doadores que são parentes, como irmãos, não há esse limite de idade, a avaliação é feita caso a caso”, explica o especialista.

Como é feita a doação de medula óssea?

Para quem deseja se inscrever no Redome, o primeiro passo é buscar um banco de sangue próximo para fazer o cadastro, pontua Duarte. “Em seguida, será coletada uma amostra do seu sangue para testar a compatibilidade possível com outras medulas ósseas, num teste chamado HLA”, pontua.

Vale destacar que esses dados continuam registrados no Redome e, caso identifiquem a compatibilidade entre um doador e um receptor cadastro, o banco de sangue entrará em contato.

Como saber se a sua medula óssea é compatível com a de outra pessoa?

A compatibilidade para doação de medula óssea é diferente da de doação de sangue. Trata-se de uma análise mais complexa, feita pelo teste HLA. De maneira geral, segundo o presidente da SBTMO, é necessário que a compatibilidade seja de ao menos 50%, mas a chance de encontrar uma medula óssea compatível é de 1 em 100 mil.

“Por isso, é fundamental que mais pessoas doem, para que quem precisa tenha mais chances de achar uma medula compatível”, pontua.

Além disso, a compatibilidade tende a ser maior entre pessoas da mesma família. Segundo o Ministério da Saúde, entre irmãos, a chance de compatibilidade é de 30%. “O mais prático é buscar na família primeiro. Se não houver ninguém na família, verifica-se o Redome”, diz Schmidt Filho.

Como é feita a doação de medula óssea?

Ela é realizada pela coleta de células tronco localizadas na medula óssea. Isso pode acontecer de duas formas principais:

  • Diretamente pela medula óssea: Esse método é feito a partir de punções das células do osso do quadril do doador e demanda internação cirúrgica de pelo menos 24 horas, e o doador recebe anestesia para passar pelo procedimento.
  • Coleta de células tronco periféricas, ou seja, não diretamente na medula óssea: Nesta modalidade, o doador recebe um medicamento que estimula a produção de células tronco e, cinco dias depois, as células são coletadas pela sua corrente sanguínea. Pode acontecer em centros de transplante ou de doação de sangue.

Trata-se, de acordo com Duarte, de um procedimento seguro e relativamente simples. “A coleta de medula óssea é feita há mais de 50 anos no Brasil”, destaca.

Há riscos para o doador de medula óssea? O procedimento é dolorido?

O primeiro ponto destacado pelos especialistas é que o organismo produz naturalmente células tronco produtoras de sangue. Por isso, a doação de medula óssea, diferente da doação de órgãos, como de rim, por exemplo, não é irreversível. Nesse sentido, ela se assemelha mais à doação de sangue – de acordo com o Ministério da Saúde, em duas semanas o doador produz as células necessárias para “recuperar” o que foi doado.

Apesar disso, em especial quando a coleta é feita diretamente na medula, de acordo com a pasta, o doador pode apresentar dor no local por alguns dias. Nesses casos, a maioria retoma as suas atividades normais após uma semana.

No doação feita pela coleta de sangue, é possível que o doador tenha um quadro gripal durante o uso de medicamento para aumentar a produção de células-tronco hematopoiéticas ou apresente dor nos ossos por causa da medicação. Nessa modalidade, contudo, a volta para as atividades de rotina é mais rápida e pode acontecer no dia seguinte da doação.

Duarte destaca que a doação de medula óssea foi uma virada de chave na ciência. “É um procedimento que salva muitas vidas e em que o doador está vivo e não terá sequela nenhuma”, diz.

Como a nova medula óssea é transferida para o receptor?

Para receber a medula óssea, o paciente já deve ter destruído a sua própria com quimioterapia ou radioterapia, de acordo com o Ministério da Saúde. O procedimento de transferência é feito por transfusão de sangue e, em três semanas, ela provavelmente já estará funcionando, de acordo com a pasta. /COLABOROU FABIANA CAMBRICOLI

Fonte: Externa

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