A União Europeia (UE) decidiu evacuar o pessoal da delegação do bloco no Haiti devido à dramática deterioração da situação de segurança no país caribenho.
“Retiramos, transferimos e evacuamos todo o pessoal da UE do Haiti”, afirmou nesta segunda-feira (11) Peter Stano, porta-voz do alto representante da UE para Relações Exteriores, Josep Borrell, na coletiva de imprensa diária do Executivo comunitário.
“O que está acontecendo neste momento no Haiti em termos de segurança e estabilidade é, obviamente, algo que nos preocupa muito. A deterioração da situação de segurança nos últimos dias e semanas, impulsionada por gangues armadas, é algo que continuamos a acompanhar muito de perto”, declarou Stano.
O porta-voz disse que, “em resposta à dramática deterioração da situação de segurança”, foi tomada a decisão de reduzir as atividades da UE no terreno e transferir o pessoal da delegação do bloco em Porto Príncipe “para um local mais seguro fora do país”.
Stano destacou que a situação está sendo avaliada e que a forma como a UE irá operar no país será ajustada “à medida que a situação de segurança evoluir”. A UE junta-se assim à evacuação de outras missões diplomáticas no Haiti, como a dos EUA.
A violência em Porto Príncipe aumentou significativamente desde que foi anunciado, em 28 de fevereiro, que o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, havia se comprometido a realizar eleições antes do final de agosto de 2025, uma data muito distante, considerando que o governante deveria concluir seu mandato em 7 de fevereiro, segundo um acordo de 2022.
Dias depois, em 4 de março, grupos armados invadiram a Penitenciária Nacional de Porto Príncipe, a maior prisão do Haiti, e libertaram cerca de quatro mil detentos, quase todos os encarcerados, após intensas trocas de tiros com a polícia durante horas nos arredores do presídio.
Entre os criminosos na prisão estavam os colombianos acusados de participar do assassinato do presidente haitiano Jovenel Moise, em julho de 2021, bem como líderes de gangues que aguardam julgamento.
A situação do país será analisada em reunião de emergência convocada pela Comunidade do Caribe (Caricom) na Jamaica, nesta semana.
O envio de cerca de mil policiais do Quênia para liderar uma missão multinacional autorizada pelas Nações Unidas para combater a crise de segurança no Haiti continua parado, apesar da crescente pressão internacional.
Não houve nenhum movimento desde que Quênia e Haiti assinaram um acordo bilateral em 1º de janeiro, solicitado pela Justiça queniana, para permitir a mobilização do contingente de oficiais do país para liderar a Missão Multinacional de Apoio à Segurança no Haiti.
Naquele dia, o presidente queniano, William Ruto; e o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, presenciaram a assinatura do acordo em uma cerimônia na sede da presidência do Quênia em Nairóbi.