O show do cantor Roberto Carlos não será mais realizado no Mercado Livre Arena Pacaembu, em São Paulo, nesta sexta-feira (19), informaram a Concessionária Allegra Pacaembu e a Four Even, produtora do evento, por volta das 17h40 de hoje.
“No intuito de cumprir com as determinações da Prefeitura de São Paulo, que não autorizou a realização do espetáculo, indeferindo o alvará para a sua realização, a produção do evento informa a quem adquiriu os ingressos on-line que entrem em contato pelo canal de atendimento (WhatsApp 0800-232-0800). Para quem adquiriu ingressos físicos, informaremos nos próximos dias qual será a forma de devolução dos valores”, complementam as empresas.
Ainda segundo a Four Even, uma nova data para o show está em análise. “Mais informações sobre uma eventual nova data para o show, serão disponibilizadas nos canais oficiais da produtora do evento e da concessionária”, informou em comunicado.
A prefeitura havia cancelado o show programado para ser realizado hoje no 2º subsolo da arena do espaço de eventos Mercado Livre Arena Pacaembu. O local foi reprovado depois que o Corpo de Bombeiros e a Secretaria Municipal de Urbanismo fizeram três avaliações, informou o portal G1.
Os Bombeiros justificaram que o local não tem condições de receber cerca de 3 mil pessoas. O espaço, localizado na Zona Oeste de São Paulo, seria inaugurado com esse show. Os Bombeiros citaram 18 irregularidades na edificação.
Mais cedo, a concessionária Allegra Pacaembu informou ao Valor que o show estava mantido e que “todas as normas vigentes na cidade estão sendo cumpridas e não há razão para que o evento não seja realizado”.
Às 17h09, a Prefeitura de São Paulo, reiterou seu comunicado de que após vistoria dos Bombeiros, não autoriza realização de show de Roberto Carlos na Arena Pacaembu por falta de segurança.
“A Prefeitura não autorizou a realização do show do cantor Roberto Carlos, que seria realizado na noite desta sexta-feira (19), na Arena Pacaembu”, comunicou a Prefeitura às 14h15 desta sexta-feira. “A decisão foi tomada após a comprovação de falta de segurança durante vistoria conjunta dos Bombeiros e Contru, órgão municipal que atesta justamente a segurança de edificações. Representantes da empresa responsável pela concessão do Pacaembu também acompanharam os testes em que foi constatado não haver condições para a realização do evento”.
Os ingressos para o show “Eu Ofereço Flores” vendidos pela empresa Quero 2 Ingressos custavam entre R$ 800,00 e R$ 1.350,00, a entrada inteira.
Mais cedo, diante do impasse sobre a realização do evento, o Procon de São Paulo informou que o consumidor pode pedir ressarcimento pelas inseguranças com a realização, ou não, do show do cantor Roberto Carlos.
“A insegurança que ronda o show do cantor Roberto Carlos, no Estádio do Pacaembu, nesta sexta-feira (19), seja pelas condições do local ou mesmo pelas informações conflitantes que não garantem a realização do espetáculo, podem ensejar pedidos de ressarcimento por parte dos consumidores”, disse o órgão de defesa do consumidor, às 17h15 de hoje.
O órgão de defesa diz que se a empresa responsável pelo evento “não apresentar evidências da regularidade do local através de verificação das autoridades competentes, o reembolso pode ser solicitado de acordo com o Código de Defesa do Consumidor”.
Procurado pelo Valor, o Mercado Livre disse, em comunicado, que “O Mercado Livre Arena Pacaembu reforça seu compromisso com a segurança e o bem-estar do público, valores inegociáveis para o Mercado Livre”.
A varejista reforçou que “as pessoas que adquiriram ingressos para o show poderão solicitar o reembolso dos valores diretamente com os organizadores do evento. As orientações detalhadas sobre o reembolso e demais informações serão divulgadas pela organização do evento em seus canais oficiais. Lamentamos o transtorno gerado e expressamos nossa solidariedade aos fãs do artista”.
Impacto é maior sobre marcas organizadoras, diz especialista
O impacto do cancelamento de um show deste porte é mais direto sobre as marcas organizadoras, a Allegra Pacaembu, que detém a concessão do estádio, e a Four Even Events, organizadora do show, do que sobre o Mercado Livre, que negociou o direito de uso do nome do Pacaembu, avalia Marcos Bedendo, professor de gestão de marcas (branding) da faculdade ESPM.
“O impacto é maior para quem está operacionalizando a marca e até menos para quem detém os naming rights”, afirma o professor em entrevista ao Valor.
Bedendo alerta que a tentativa da Allegra de manter a realização do show até poucas horas antes da abertura dos portões, após a prefeitura ter apontado falhas de segurança, afeta ainda mais a imagem da empresa e coloca outras marcas envolvidas em risco, incluindo a do artista.
“Se acontece alguma coisa durante a execução do show, mesmo que não tenha a ver com um problema potencial do estádio, há um dano de imagem muito forte sobre ela [Allegra], que se estende às outras empresas e até ao próprio Roberto Carlos”.
O Mercado Livre assinou um contrato, avaliado em mais de R$ 1 bilhão, com a Allegra, no fim de janeiro, para o direito de uso do nome do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, por 30 anos. Com o acordo, o estádio passou a se chamar Mercado Livre Arena Pacaembu.
A repercussão do cancelamento do show de Roberto Carlos mostra que o Mercado Livre tem o desafio de estabelecer sua marca ao lado do nome “Pacaembu”, como o estádio é conhecido, embora o contrato de naming rights seja recente.
“O nome Pacaembu foi mais citado sem a marca Mercado Livre em notícias sobre o cancelamento do show”, observa o professor. “O nome do estádio é reconhecido e historicamente presente na vida do paulistano então a troca de nome demanda um esforço significativo”.