Um conjunto de incertezas externas e locais tem feito com que a Santander Asset mantenha seu portfólio de R$ 330 bilhões em patrimônio local sob gestão próximo do neutro em ativos brasileiros.
Segundo ele, a gestora quer ver no documento do BC o detalhamento das incertezas domésticas incluídas no comunicado da última quarta-feira, sobretudo a visão sobre os dados forte de atividade em janeiro, que surpreenderam o mercado.
Jarra avalia que a decisão tornou mais difícil sustentar a previsão da asset de Selic no fim do ciclo a 8,5% neste ano. O Banco Central optou por retirar o plural “próximas reuniões” do “forward guidance” (orientação futura), passando assim a sinalizar apenas uma reunião à frente. Ele diz que aguarda mais detalhes vindos da ata e também do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), na quinta-feira, para revisar o número. “Vamos esperar no mínimo a comunicação completa do BC”, diz ele, “mas tanto pelo Copom, quanto por conjuntura, tem claro viés altista na projeção”, diz.
Para o estrategista, o último Copom adicionou uma incerteza em relação ao que será feito na reunião de junho — quando vê chances iguais de um corte de 0,50 ponto percentual ou de 0,25 ponto, por enquanto. Mas já parece provável que o ritmo de corte de juros pelo BC brasileiro diminua para 0,25 ponto a partir de julho. Para Jarra, se os números fortes de atividade econômica de janeiro se mostrarem estruturais, isso deve deixar o BC mais próximo da estratégia americana, dependente de dados.
Ele diz que, à medida que a discussão sobre mudança no guidance começou a criar força, somada à incerteza externa e a números de atividade que surpreenderam o mercado pra cima, optou por uma posição próxima do neutro na renda fixa — tanto nominal quanto real —, estratégia que carrega desde o início do ano e que manteve intacta depois do Copom.
Para bolsa e câmbio, Jarra afirma que a “direção é de compra”, uma vez que há componentes estruturais sustentando o real brasileiro, com uma balança comercial forte. Na B3, o cenário é positivo, de continuidade dos cortes de juros aqui e início da flexibilização nos EUA. “Precisamos do suporte do cenário global”, diz ele.