A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) está investigando a morte de 13 detentos de presídios em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte por supostas overdoses causadas pelo uso das chamadas drogas “K”. Nenhum dos mortos apresentavam lesões aparentes.
A pasta confirmou as mortes de sete presos do presídio Inspetor José Martinho Drumond nos últimos dez dias. As causas das mortes estão em apuração administrativa pela unidade prisional e pela Polícia Civil.
Também foram confirmadas pelo Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) outras seis mortes no presídio Antônio Dutra Ladeira, na mesma cidade, entre dezembro de 2023 e março deste ano.
A Sejusp ressaltou, em nota, que revistas são feitas de forma rotineira em visitantes e nas celas, com o objetivo de impedir a entrada e permanência de materiais ilícitos na unidade prisional. A Polícia Civil afirmou que aguarda a finalização dos laudos para subsídio da investigação.
O professor de toxicologia e coordenador do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Unicamp José Luiz da Costa explica que as drogas “K” “são substâncias químicas que agem no cérebro igual o THC, que é o princípio ativo da maconha”. “Mas elas são sintéticas, não existem numa planta ou na natureza.”
Segundo o especialista, essas drogas foram criadas inicialmente dentro de laboratórios da indústria farmacêutica. “O objetivo era estudar o sistema endocanabinoide que existe nas células”, disse.
Este sistema modula funções fisiológicas do corpo humano como fome, sono e imunidade. O “efeito zumbi” causado pela substância tem relação justamente com o sistema endocanabinoide.
“Os canabinoides sintéticos atuam neste sistema, que, quando é ativado intensamente, a pessoa tem maior lentidão dos movimentos, fica sonolenta, perde sentidos, tem alucinações.”
* Sob supervisão