O chef espanhol José Andrés disse nesta quinta-feira que a equipe de sua organização não governamental (ONG) de caridade Cozinha Central Mundial (World Central Kitchen, ou WCK) parece ter sido um alvo deliberado dos militares israelenses nos ataques aéreos que mataram sete de seus funcionários na última segunda-feira na Faixa de Gaza.
“Não creio que tenha sido uma situação de azar, do tipo ‘soltamos uma bomba no lugar errado’”, afirmou Andrés, de acordo com relatos de agências internacionais.
“Os militares de Israel sabiam quem somos e nos atacaram numa zona em que não havia conflito, estava sob controle das FDI”, disse o chef espanhol referindo-se às Forças de Defesa de Israel.
“Eles sabiam que nossas equipes se deslocavam naquela estrada em três carros, e miraram sistematicamente em cada um deles. Não foi um erro infeliz. Foi um ataque direto a veículos claramente marcados [adesivados com identificação] com movimentos conhecidos por todos nas FDI”, afirmou.
Segundo Andrés, sua equipe até tentou avisar os militares, com alguns passando do primeiro carro a ser atingido para um segundo veículo, que também foi atingido, e depois para o terceiro. Após os ataques, todos os sete trabalhadores humanitários foram mortos.
As FDI e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chamaram os ataques aéreos de “erro que acontece na guerra” As FDI alegaram ainda que o ataque foi “um caso de identificação incorreta”, mas Andrés reiterou que a equipe estava em coordenação com as FDI sobre a passagem pelo local de Gaza em que ocorreu o ataque.
Também nesta quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou por telefone com Netanyahu, a quem disse que o ataque aos funcionários da WCK era “inaceitável”, e que a posição americana sobre o conflito Israel-Hamas dependerá das ações israelenses para reduzir a crise humanitária em Gaza, segundo relato da Casa Branca. Um dos sete mortos no ataque era um cidadão americano.
