Nesta quarta-feira, 20, entramos oficialmente no outono. Com a chegada dessa estação, é comum observarmos uma série de mudanças no clima: o ar se torna mais seco, a ocorrência de chuvas diminui e há uma redução tanto do calor quanto da umidade. Junto com esses fenômenos, surge também uma preocupação relacionada ao aumento da disseminação de vírus e bactérias, resultando em uma maior incidência de doenças respiratórias e alérgicas.
Conforme explica Mauro Gomes, pneumologista da Comissão Científica de Infecções da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), o clima frio e seco contribui para o ressecamento das vias aéreas, dificultando a produção adequada de muco, o que diminui a capacidade de defesa do organismo contra micro-organismos.
Além disso, durante essa estação é comum a alternância entre dias de frio e calor, o que pode impactar negativamente o sistema imunológico.
Outro ponto importante, segundo o especialista, é que durante estações como outono e inverno, as pessoas tendem a passar mais tempo em ambientes fechados, favorecendo a aglomeração e a disseminação de vírus e bactérias.
Essas situações, aliadas à maior concentração de poluentes atmosféricos, tornam-se irritantes para as vias respiratórias, aumentando, então, a suscetibilidade a doenças respiratórias – especialmente em indivíduos com condições crônicas como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e fibrose pulmonar.
Quais as doenças mais comuns no outono?
- Gripe
- Resfriado
- Otite média aguda
- Rinossinusite
- Pneumonia
- Covid-19
- Bronquiolite
Quais são os principais sintomas de cada uma?
A gripe, causada por diferentes tipos de vírus influenza, desencadeia sintomas como febre, obstrução nasal, tosse e dores musculares, podendo levar a complicações respiratórias graves.
Enquanto isso, o resfriado, também de origem viral, ocasiona sintomas mais brandos, como febre leve, obstrução nasal e tosse leve.
Já a otite média aguda, uma inflamação do ouvido médio muitas vezes desencadeada por infecções virais ou bacterianas, é caracterizada por intensa dor de ouvido, febre e temporária diminuição da audição, podendo evoluir para complicações intracranianas.
A rinossinusite, inflamação dos seios paranasais, traz congestão nasal, dor facial e secreção espessa.
Já a pneumonia, infecção pulmonar por bactérias ou vírus, manifesta-se com tosse, dificuldade respiratória, dor no peito e febre, e requer cuidados médicos imediatos.
Com relação à covid-19, os sintomas variam, mas a doença costuma ser marcada por sintomas respiratórios, como tosse e coriza. Existe a possibilidade de ela evoluir para quadros mais graves, com febre persistente e falta de ar.
Na bronquiolite, que acomete especialmente crianças de até 2 anos, os sintomas são muito parecidos com os de um resfriado. De acordo com o Ministério da Saúde, os mais comuns são: febre baixa, dor de garganta, cabeça e nariz escorrendo. Já entre os sinais que indicam uma maior gravidade do quadro, estão febre alta, tosse persistente, dificuldade para respirar, chiado no peito, além de lábios e unhas arroxeadas.
Quem precisa ter mais cuidado?
Segundo Gomes, todos devem manter a vigilância durante o outono e inverno. No entanto, o especialista afirma que idosos, cujo sistema imunológico é mais vulnerável, e pacientes com doenças respiratórias crônicas, como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e fibrose pulmonar, devem ter cuidados redobrados.
O infectologista pediátrico Victor Horácio Costa, do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR), alerta ainda sobre as crianças. De acordo com o especialista, o sistema imunológico desse grupo ainda está em desenvolvimento e, por isso, ele é mais suscetível a infecções. “É importante que os pais estejam atentos aos sintomas, especialmente se forem crônicos”, orienta Costa.
Prevenção e tratamento
Segundo Costa, a automedicação deve sempre ser evitada, mesmo em adultos, pois pode mascarar sintomas importantes e atrasar diagnósticos corretos. Por isso, o ideal é buscar um especialista.
Em relação à prevenção, Gomes destaca a importância de medidas simples, mas eficazes, como lavagem frequente das mãos, uso de máscaras em ambientes fechados, evitar aglomerações, manter os ambientes domésticos e de trabalho bem arejados e, principalmente, estar com o esquema vacinal em dia.
“Além da vacina contra a covid-19, nós temos imunizantes disponíveis e com alta eficácia contra os principais vírus que causam infecções respiratórias, como gripe e pneumonia”, ressalta o especialista.
Quanto às crianças, Costa reforça a importância da vacinação e lamenta o desafio com relação à adesão por parte de alguns pais. Além disso, ressalta que idas frequentes ao pediatra, alimentação saudável, prática regular de atividade física e sono adequado são hábitos que ajudam a fortalecer o sistema imunológico dos pequenos.