O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), indicou uma pessoa para assumir a superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas no lugar do primo que foi demitido esta semana, num caso que tinha aumentado os atritos entre o parlamentar e o governo Lula (PT). “Vamos nomear [o indicado dele]”, disse ao Valor o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, a quem o Incra é ligado.
Primo do presidente da Câmara, César Lira foi nomeado ainda no governo Bolsonaro (PL), mas continuou no cargo mesmo após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A manutenção nunca foi bem aceita por movimentos sociais, como o MST, que o acusavam de ser um “bolsonarista infiltrado” e trabalhar contra a reforma agrária.
Segundo Teixeira, a situação era “inadministrável” e “extremamente conflituosa”, o que o fez decidir pela demissão. Os movimentos sociais enviaram carta a ele no fim de semana dizendo que, se a troca não ocorresse, invadiriam a sede do Incra em Alagoas.
Teixeira mandou mensagem para Lira avisando da necessidade de demissão e tentou se reunir com ele em Brasília, mas as agendas conflitaram e ele acabou demitindo o primo do presidente da Câmara sem uma reunião prévia. O encontro só ocorreu depois que o fato já estava publicando no “Diário Oficial da União”.
A exoneração ocorreu quatro dias depois de Lira criticar publicamente o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o que criou ruídos no mundo político de que isso teria sido uma retaliação, o que Teixeira negou peremptoriamente.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, também se encontrou com o presidente da Câmara no dia seguinte para reforçar que foram fatos isolados e recebeu do deputado a indicação do substituto. O nome ainda não foi relevado, mas foi decidido por Lira junto com entidades de Alagoas de produtores rurais. O presidente da Câmara prometeu alguém “ponderado”.