A FDA, a “Anvisa norte-americana”, aprovou no início de abril um novo antibiótico para o tratamento de infecções pelo Staphylococcus aureus, uma das superbactérias que mais preocupa os médicos atualmente. Injetável, o fármaco comercializado sob o nome Zevtera é indicado para diferentes tipos de infecção por esse micróbio.
Também chamado de estafilococo dourado, ele é considerado a mais perigosa das bactérias desse tipo, que são encontradas naturalmente no corpo humano. Embora seja inofensivo na maior parte do tempo, quando provoca infecções ele está associado a quadros graves que, em situações extremas, podem levar à sepse – quadro potencialmente fatal de infecção generalizada.
O novo antibiótico é uma notícia especialmente bem-vinda em um cenário em que os especialistas se debruçam com os desafios da resistência antimicrobiana, quando bactérias e outros microrganismos começam a sobreviver aos medicamentos usados tradicionalmente.
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O que é o Staphylococcus aureus
Estafilococos em geral são bactérias que vivem em nosso corpo, em colônias na pele ou em mucosas, como as secreções nasais. O Staphylococcus aureus é uma dessas espécies, que acabou ganhando mais destaque em função da maior gravidade das infecções causadas por ele, devido à resistência aos remédios de uso comum.
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Como funciona o novo antibiótico
Injetável, o Zevtera tem como princípio ativo o ceftobiprol medocaril sódico e foi aprovado pela FDA para os seguintes casos:
- adultos com bacteremia (quando o estafilococo já está na corrente sanguínea), inclusive casos com endocardite
- adultos com infecções bacterianas agudas na pele
- pacientes adultos e pediátricos (de 3 meses a 18 anos) com pneumonia bacteriana adquirida na comunidade
O novo antibiótico foi testado em diferentes cenários randomizados e duplo-cegos, em vários países, sempre em comparação com outros medicamentos disponíveis no mercado. Para todos os cenários em que foi aprovado, o Zevtera apresentou segurança e eficácia comparáveis.
Ao todo, em casos de bacteremia, 69,8% dos voluntários submetidos ao regime com Zevtera tiveram uma melhora em seus quadros após 70 dias, contra 68,7% daqueles que receberam um regime com daptomicina e aztreonam opcional.
A resposta precoce ao medicamento em casos de infecções na pele também foi medida, com 91,3% dos pacientes submetidos ao Zevtera tendo resultados em até 72 horas. Nos submetidos ao regime comparativo, com vancomicina e aztreonam, o número ficou em 88,1%.
Já no teste para casos de pneumonia, 76,4% dos pacientes que usaram Zevtera apresentaram cura clínica num período de 7 a 14 dias após o fim dos medicamentos. O número foi de 79,3% naqueles que receberam os antibióticos de comparação, neste caso ceftriaxona com linezolida opcional.
Cuidados ao usar antibióticos
Mesmo com a devida aprovação das autoridades regulatórias, o uso de qualquer antibiótico deve ser sempre feito sob orientação médica.
O medicamento também precisa ser utilizado até o fim do período prescrito pelo especialista, mesmo se os sintomas já melhoraram – é um passo fundamental para prevenir a resistência dos micróbios.
Efeitos colaterais reportados para o Zevtera incluíram náusea, diarreia, dores de cabeça e tontura, além de inflamação na área de aplicação da injeção. Pacientes com histórico de hipersensibilidade ou alergia a algum dos componentes do antibiótico também devem evitar seu uso.
No Brasil, a aprovação do ceftobiprol (princípio ativo do Zevtera) ainda está sob análise.