O povo que mora no país tropical e abençoado por Deus anda estressado e sem grandes perspectivas para o futuro. É o que mostra um relatório produzido por uma organização americana sobre a saúde mental mundo afora.
Ao todo, mais de meio milhão de pessoas provenientes de 71 países responderam a um questionário sobre como se sentiam em relação às suas emoções, ambições e sonhos. As respostas foram padronizadas conforme o Quociente de Saúde Mental (MHQ), uma escala que avalia 47 aspectos do bem-estar divididos em seis dimensões.
Os participantes brasileiros registraram notas baixas em cinco desses domínios, e o MHQ nacional foi de 53 pontos. Com isso, ficamos em 68º lugar no ranking. Isto é: o Brasil tem o quarto pior nível de saúde mental da análise, sendo superado apenas por África do Sul, Reino Unido e Uzbequistão. Somos também o terceiro país mais estressado.
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O estudo observou uma insatisfação especialmente acentuada entre as gerações mais jovens. “Duas conclusões importantes do relatório rápido sobre 2023 mostram que ter o primeiro smartphone com pouca idade e consumir alimentos ultraprocessados são dois dos principais contribuintes para os nossos desafios de saúde mental”, avaliam Tara Thiagarajan e Jennifer Newson, cientistas e líderes da Sapien Labs, responsável pelo levantamento.
Saúde mental em números
Dimensões do bem-estar
A habilidade de gerenciar emoções e ter uma visão otimista do futuro é o nosso fraco. A média dos brasileiros é 52, uma das piores em todo o ranking.
Sociabilidade
Apesar da fama de povo acolhedor, também nos saímos mal no quesito que avalia como nos relacionamos com os outros e com nós mesmos. O índice é 60.
Resiliência
Mas se tem algo que sabemos fazer é dar um jeitinho. Quando o assunto é se adaptar, mandamos bem e atingimos um índice de 81. A única nota azul.
Impulso e motivação
Um pouco abaixo do limiar esperado está nossa capacidade de alcançar objetivos. A média foi 79, algo bem próximo da nossa capacidade de nos virar.
Cognição
Com uma média de 68, o brasileiro sente que patina em demandas e tarefas básicas. Um exemplo é a dificuldade em colocar passado e futuro em perspectiva.
Conexão mente-corpo
O equilíbrio entre bem-estar físico e mental também está aquém do desejado, segundo os voluntários que participaram do estudo. A nota ficou em 61.
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Suicídio entre jovens preocupa experts no país
Ao analisarem três bancos de dados populacionais, pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) depararam com números alarmantes sobre a saúde mental da juventude brasileira. Entre 2011 e 2022, houve um crescimento anual de 6% na taxa de suicídios e de 29% na de automutilações dos 10 aos 24 anos.
“É um retrato escancarado de que tem algo complicado acontecendo com a nossa sociedade: problemas nos vínculos, nas relações e na esperança com o futuro”, interpreta Karen Scavacini, da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (Abeps). Caso você sinta que precisa de ajuda, procure o Centro de Valorização da Vida (CVV). Disque 188.