Einstein promove maior fórum de qualidade e segurança em saúde da América Latina

Redação
por Redação

Os avanços da tecnologia nas últimas décadas tiveram impactos relevantes em diversas áreas – e a medicina certamente foi uma das que mais se beneficiou. Um desafio, no entanto, persiste: como usar esses avanços para oferecer equidade de acesso a saúde de qualidade em todo o mundo?

Esse tema esteve no centro dos debates que ocorreram durante o 9º Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança na Saúde, realizado entre os dias 9 e 11 de julho no Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein – Campus Cecilia e Abram Szajman, em São Paulo. O evento é promovido desde 2015 pelo Hospital Israelita Albert Einstein em parceria com o Institute for Healthcare Improvement (IHI, dos EUA) – instituição cujas propostas para melhorias no sistema de saúde são seguidas em todo o mundo.

Sidney Klajner (à dir.), Jafet Arrieta e Kedar Mate, do IHI, no painel de abertura do fórum realizado no Einstein Foto: Egberto Nogueira/ Einstein/ Divulgação

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Sob o tema central “Tecnologia para equidade”, o fórum reuniu cerca de 4.500 participantes de 30 países que acompanharam, presencialmente e online, palestras e trilhas de conhecimento. “Falar de equidade para organizações que buscam saúde deixou de ser um objetivo e passou a ser uma obrigação. E a tecnologia funciona não como um fim, mas como um meio para alcançar esse fim”, disse Sidney Klajner, presidente do Einstein, no painel que abriu o fórum.

O evento, que é o maior da América Latina dedicado ao tema, teve discussões com profissionais de saúde dos cinco continentes sobre como garantir qualidade e segurança na assistência em saúde, em diversas especialidades. “Conseguir reunir tantas pessoas para falar de qualidade, segurança e equidade em saúde e trazer isso para a pauta como prioridade é fundamental para os pacientes, para a comunidade”, disse Paula Tuma, diretora de Qualidade e Segurança do Einstein.

No painel de abertura, sobre “Tecnologia para Equidade”, Kedar Mate, presidente do IHI, observou que os avanços tecnológicos “têm empoderado a assistência de saúde em todo o planeta”, mas também trazem desafios. “A mesma tecnologia que nos permite viver mais anos e ter mais qualidade de vida ao envelhecer também desafia as nossas sociedades a buscar a equidade”, disse.

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“É preciso pensar, cada vez mais, em como podemos aumentar o uso dos aparatos tecnológicos para uma melhor experiência dos pacientes”, observou a vice-presidente do IHI para América Latina, Jafet Arrieta, no mesmo painel. “A qualidade sem equidade é uma promessa vazia.”

Claudio Lottenberg, presidente do Conselho Deliberativo do Hospital Israelita Albert Einstein, também falou sobre a necessidade de se usar a tecnologia como facilitadora do acesso à saúde. “É preciso investir na priorização do acesso. E isso só pode ser criado na modernização que o mundo digital nos propõe.”

Um dos exemplos de como a tecnologia pode proporcionar maior acesso à saúde é o projeto TeleAmes, do Einstein, que já realizou mais de 200 mil atendimentos conectando médicos de sete especialidades, em São Paulo, a pacientes em unidades básicas de saúde (UBS) nas regiões Norte e Centro-Oeste.

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A inteligência artificial (IA) também pode se tornar grande aliada em busca da equidade, em projetos como o SAMPa, do Einstein, que utiliza IA generativa para ajudar o profissional de saúde no acompanhamento pré-natal no Amazonas, onde há índices elevados de mortalidade materna.

A busca pela equidade faz parte da Quíntupla Meta, modelo proposto pelo IHI para garantir a qualidade e a segurança. “A Quíntupla Meta propõe melhorar a experiência do paciente e a qualidade da saúde, combater desperdícios na assistência, cuidar do bem-estar dos profissionais de saúde e promover equidade em saúde. Essa última foi adicionada após a pandemia, quando ficaram ainda mais evidentes os impactos da desigualdade no acesso à saúde”, contou Miguel Cendoroglo, diretor médico do Einstein.

Qualidade e segurança

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E como a tecnologia pode impulsionar a qualidade e a segurança no sistema de saúde? “Temos que promover uma cultura de segurança, mas também precisamos dar um passo adiante e responder melhor aos eventos, com a ajuda da tecnologia. Trabalhar junto ao time de (TI) sobre como vamos desenvolver sistemas de saúde mais seguros, por exemplo”, disse a médica Heidi Wald, da Intermountain Health (EUA), em outro painel.

No mesmo debate, Hardeep Singh, professor do Center for Innovations in Quality, Effectiveness and Safety (IQuESt), em Houston (EUA), defendeu a importância de permitir que o próprio paciente seja engajado na questão da segurança. “Nos Estados Unidos, eles podem ver seus próprios prontuários para apontar se há algo impreciso nos cuidados que receberam.” No Brasil, o Einstein também disponibiliza aos pacientes o acesso aos seus prontuários.

Profissionais de saúde e representantes do setor participaram de debates e trilhas Foto: Egberto Nogueira/ Einstein/ Divulgação

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Esse foi tema do painel “A epidemia de saúde mental a nível mundial”, que teve a participação de Amar Shah, da East London NHS Foundation Trust ((ELFT, do Reino Unido); de Stephen Muething, da Fundação Cincinnati Children’s (EUA) e da gerente médica de Bem-Estar e Saúde Mental do Einstein, Dulce Pereira de Brito.

Promovido desde 2015 pelo Einstein e o IHI, fórum deste ano também trouxe discussões sobre saúde mental Foto: Egberto Nogueira/ Einstein/ Divulgação

Brito abriu o debate destacando que o Brasil é o país com mais casos de ansiedade no mundo e com mais casos de depressão nas Américas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). E lembrou que o estigma social pode atrasar em até 10 anos a busca por ajuda médica. “Precisamos adequar [esse assunto] dentro dos serviços de saúde. O desafio é como ter essa conversa em diferentes culturas”, refletiu. “A saúde mental não é um problema, ao contrário. A boa saúde mental é a solução”, afirmou.

Shah, por sua vez, falou sobre como a demanda por atendimentos em saúde mental tem aumentado e atinge especialmente crianças e adolescentes, mas o número de especialistas na área não acompanha esse crescimento. “Neste sentido, as consultas virtuais são úteis para ajudar as pessoas que, de outra forma, talvez não procurassem ajuda devido ao estigma ou à ansiedade social”, afirmou.

O desafio de ter especialistas em quantidade insuficiente também é enfrentado nos EUA. “Nós não temos profissionais suficientes para tratar todas as crianças que precisam. Para mitigar o problema, entre outras ações, realizamos programas de treinamento para novos colaboradores”, explicou Muething.

Assim como a saúde mental, há outro fator bastante sensível para a melhoria na segurança e na qualidade dos serviços de saúde: a gentileza.

O tema esteve presente no painel “Bondade e compaixão: curar doentes e profissionais de saúde”, com os especialistas Bob Klaber e Dominique Allwood, do Imperial College Healthcare NHS Trust (Inglaterra), e Pedro Delgado, vice-presidente do IHI para a Europa. “Sempre ficávamos mais no léxico racional do que no emocional quando pensávamos na segurança dos pacientes. Mas, após a pandemia de Covid-19, percebemos que era preciso cuidar melhor da equipe para que ela pudesse dar maior apoio aos pacientes”, avaliou Klaber.

Allwood revelou que muitos deles sequer têm a escuta ideal dos profissionais de saúde pela dinâmica dos atendimentos. “Precisamos ter interações diferentes. Além da questão biológica e de sua biografia, é importante analisá-los de forma holística”, avaliou.

Para Pedro Delgado, ser gentil é também perguntar às pessoas sobre o que realmente importa para elas. “Precisamos ouvir com atenção e curiosidade e ter uma atitude de aprendizado contínuo.”

Evento reúne mais de 50 representantes de organizações de saúde de todo o mundo

Nos dois dias que antecederam o fórum, mais de 50 representantes de organizações de saúde de todo o mundo se reuniram no Einstein para o “Strategic Networks Summer Camp: Innovators and Influencers Summit”, encontro realizado em parceria com o IHI.

O evento conectou organizações de saúde que são parceiras estratégicas do IHI de todo o mundo para trocar experiências sobre melhorias no sistema e na assistência e sobre projetos que promovam a equidade em saúde.

Os participantes também puderam conhecer o trabalho do Einstein nos sistemas privado e público. No último dia, o grupo se dividiu para conhecer 4 das 36 unidades públicas sob gestão do Einstein – o Hospital Municipal Vila Santa Catarina, o Hospital Municipal M’Boi Mirim, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Paraisópolis III e o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Adulto, em Paraisópolis.

“Percebi um esforço impressionante para que se tenha um diagnóstico de câncer o mais cedo possível para ajudar os pacientes”, disse Suzie Bailey, do King’s Fund (Reino Unido), que visitou o Hospital Vila Santa Catarina, referência em tratamento oncológico entre os hospitais municipais do País.

Grupo visitou o Hospital Municipal Vila Santa Catarina, sob gestão do Einstein Foto: Egberto Nogueira/ Einstein/ Divulgação

Fonte: Externa

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