A crença de que estudar no exterior é coisa de adolescente ficou no passado. Cada vez mais, a chamada geração prateada (referência a pessoas com cabelos brancos ou poucos cabelos) busca agências de intercâmbio atrás de programas internacionais que se encaixem em seus atuais momentos de vida. Grandes empresas do ramo já despertaram para esse nicho.
MERCADO EM ALTA
Segundo a executiva, o algum conforto financeiro,
mais de tempo disponível,
e uma maturidade maior de conhecimentos.
Por enquanto, os programas preferidos desse público são os cursos de idiomas de curta duração, de até quatro semanas, de acordo com dados da Associação Brasileira de Intercâmbio (Belta).
Entre os cursos mais procurados por essa faixa, o de idiomas lidera com 69%, enquanto treinamentos profissionalizantes estão em segundo, com 14,5%. Segundo dados da associação, no ranking etário da procura por intercâmbios, a faixa 50+ saltou de 8º lugar em 2019, para 7º em 2022.
Após a forte turbulência vivida na pandemia da Covid-19, a STB atualizou sua oferta de programas e mostrou força na recuperação. A companhia fechou 2023 com faturamento 25% maior que 2022 e 30% sobre 2019, antes da pandemia.
Para 2024, a empresa estima crescimento de 20% na receita. A projeção da STB é mais otimista que a do mercado.
Segundo o presidente da Belta, Alexandre Argenta, espera-se por um crescimento de 5% a 10% no mercado brasileiro em 2024. “Entendo que o mercado voltou à normalidade em 2023. Esperamos que essa estabilidade siga em 2024, com números superiores aos de 2022 e 2023.”
O otimismo da STB e da Belta tem se mostrado plausível. A fila para entrar em uma feira de intercâmbio, no dia 16 de março, em São Paulo, dobrou esquinas no bairro dos Jardins. Em meio a centenas de adolescentes e universitários, era comum ver pessoas de cabelos brancos em busca de informações nos estandes das escolas estrangeiras. Bicalho, da STB, atribui a atração desse público pela maior e mais personalizada oferta de programas. “Há poucos dias atendi um grupo de sete senhoras que queria ir para a Itália estudar italiano e história da arte. Encontramos para elas um programa na qual elas estudam o idioma pela manhã, e de tarde fazem os cursos de arte, visitam museus…”, afirmou.
Aos 54 anos, ele foi estudar na Itália
Em 2022, aos 54 anos, o professor universitário Ary Altman investiu cerca de 1,5 mil euros (aproximadamente R$ 8.500 na cotação atual) em um curso de italiano de curta duração em Milão, na Itália. “Eu tinha acabado de conquistar a cidadania italiana e já estudava o idioma no Brasil, mas queria me aprofundar tanto na língua quanto na cultura. Como meus filhos já estavam grandes, resolvi tirar esse sonho do papel”, disse.
Em Milão, Altman se hospedou em uma residência estudantil, com alunos de todas as idades e de todos os lugares do mundo. Nos finais de semana, realizou viagens para Roma e Florença.
“A maioria [na residência estudantil] era de jovens, mas também tinha gente mais da minha idade, foi uma experiência muito enriquecedora, a interação com todo mundo foi excelente”, disse.
O investimento, naquela ocasião, custeou sua passagem aérea, o curso de italiano de duas semanas, a acomodação e seguro viagem. Importante resaltar que o valor varia de acordo a escola, curso, tipo de acomodação e duração da estadia.