Conforme esperado, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa de juros referencial Selic para 10,75% ao ano, um corte de 0,50 ponto percentual em relação ao patamar anterior. E também conforme esperado, o texto do Comunicado divulgado imediatamente após a reunião informou que os membros do Comitê, de forma unânime, “anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião”.
Ou seja, a previsibilidade para os juros diminuiu. A Selic deverá cair para 10,25% na reunião agendada para maio. Depois disso, a trajetória dos juros vai depender do comportamento da inflação.
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As razões para isso, segundo o Comunicado, é que “as conjunturas doméstica e internacional estão mais incertas, exigindo cautela na condução da política monetária”. Por isso o compromisso de apenas mais um corte devido à “elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária”.
Há riscos de alta dos preços. Segundo o Comunicado, “as medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta”. Apesar de as projeções de inflação do Copom tenham permanecido estáveis em 3,5% para 2024 e em 3,2% para 2025, as projeções para os preços administrados subiram. A estimativa para 2024 subiu de 4,2% para 4,4%, e a projeção para 2025 avançou de 3,8% para 3,9%.
Repercussões
Segundo Raphael Vieira, co-head de Investimentos da Arton Advisors, “o comunicado reforça a necessidade [de o Copom] perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação, mas o processo de ancoragem das expectativas”. Para Vieira, o tom foi “levemente mais hawkish, uma vez que o Copom retirou o plural e anteviu o mesmo nível de corte somente para a próxima reunião”. Segundo ele, isso deixa uma visão mais dependente de dados após a reunião de maio.
Para o Ulisses Ruiz de Gamboa, do Instituto de Economia Gastão Vidigal da ACSP (IEGV), “o comportamento dos preços em 2024 poderia ter viabilizado um corte maior dos juros básicos”. Porém, Gamboa avalia que “a continuidade das incertezas no campo fiscal e no cenário internacional, além da desinflação mais lenta dos serviços, justificam a cautela na condução da política monetária”.