Primeira na fila para renovação das concessões de distribuição de energia no país, a EDP Brasil está confiante sobre o andamento do processo no governo federal. A partir do ano que vem, uma série de concessões de distribuição de energia chega ao fim. A da EDP Espírito Santo é a primeira delas, com vencimento em julho de 2025.
“Estive em Brasília num evento com o ministro Alexandre Silveira [de Minas e Energia] e a fala dele foi muito pertinente. Estamos calmos, serenos e confiantes de que as coisas vão sair e tudo vai ficar bem”, disse o presidente da EDP para América do Sul, João Marques da Cruz.
Investimentos de R$ 30 bi
O executivo falou com jornalistas durante o Web Summit, evento de inovação realizado no centro de convenções Riocentro. Ao apresentar os planos da companhia para o Brasil, ele manteve a previsão de investir R$ 30 bilhões até 2027. O valor se refere a um período de cinco anos, entre 2023 e 2027.
O montante será igualmente distribuído entre redes de distribuição e transmissão, com R$ 15 bilhões, e em geração de energia renovável, para onde serão destinados os outros R$ 15 bilhões. No caso dos renováveis, os investimentos serão focados em eólica e solar.
Nos últimos anos, a empresa de origem portuguesa iniciou o processo de desinvestimento em hidrelétricas e colocou à venda as usinas em Santo Antônio do Jari e Cachoeira Caldeirão, ambas no Amapá. O presidente negou que haja dificuldade para se desfazer dos ativos e afirmou que uma proposta de compra das unidades está em fase preliminar de avaliação.
“Não temos pressa nenhuma de venda. Nós simplesmente perguntamos ao mercado se há interesse e já recebemos propostas dizendo que sim. Estamos agora em uma fase muito preliminar do processo” explicou.
Cruz não descartou a participação da EDP no próximo leilão de transmissão de energia elétrica, mas disse que a companhia avalia os projetos sem obrigação de participar. “A nossa obrigação é analisar todos os leilões, não ir”, destacou. No fim de março, a empresa arrematou três lotes no primeiro leilão de transmissão de 2024. Estão previstos a construção a 1.388 quilômetros de redes de transmissão e duas subestações em quatro estados (Bahia, Maranhão, Piauí e Tocantins).
Segundo o executivo, o Brasil é o mercado mais importante da empresa na América do Sul e um dos mais relevantes entre os 30 países onde a EDP atua. Ele avaliou positivamente o desempenho econômico brasileiro na última década, mas destacou que o setor elétrico enfrenta gargalos técnicos e comerciais que dificultam a viabilidade econômica dos projetos.
“Os preços da energia para contratos de 15 anos são um ponto difícil para a viabilidade econômica dos projetos porque é preciso pagar os trabalhadores, os fornecedores e remunerar os acionistas. De qualquer forma, acreditamos que o tempo vai corrigir essa situação”, disse.