Brasil observa situação na Venezuela, mas não assina pedido para que opositores possam concorrer

Redação
por Redação

O Brasil não assinou um comunicado divulgado por governos da América Latina que manifesta “grave preocupação” pelo impedimento da inscrição da candidata Corina Yoris, aliada da opositora María Corina Machado, no Conselho Nacional Eleitoral (CNE), para as eleições presidenciais de 28 de julho.

O texto inclui assinaturas de Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai. O prazo para o registro das candidaturas termina nesta segunda-feira (25).

Um integrante de uma das chancelarias que assinam o documento confirmou à CNN que o Brasil foi procurado, mas não aderiu ao comunicado conjunto, que também pede que os cidadãos venezuelanos que cumpram os requisitos e tentem se candidatar para as eleições sejam devidamente inscritos.

Nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nem o ministério das Relações Exteriores brasileiro se manifestaram até o momento, mas uma fonte do Itamaraty afirmou à CNN que o Brasil “acompanha a situação” e que “o prazo [para o registro das candidaturas] ainda está valendo”.

O comunicado das chancelarias de parte dos países latino-americanos manifesta preocupação “diante de persistentes impedimentos para a inscrição de candidatos presidenciais” no CNE “a menos de 24 horas da finalização do prazo estabelecido”.

Os países que assinaram o documento pedem que a “a situação seja reconsiderada” para que cidadãs e cidadãos que cumpram com os requisitos consagrados na Constituição venezuelana consigam ser devidamente inscritos” para que o povo venezuelano “possa eleger livremente seu próximo governo”.

Desde o fim de semana, tanto a Plataforma Unitária, que une partidos opositores, como Corina Yoris, candidata que María Corina Machado designou como sua representante para as eleições de 28 de julho, denunciaram não conseguir se inscrever no pleito pelo sistema do CNE.

Machado, principal opositora de Nicolás Maduro, está proibida de ocupar cargos políticos pelos próximos 15 anos.

“Fizemos todas as tentativas para introduzir os dados dos partidos Mesa da Unidade Democrática (MUD) e Um Novo Tempo e o sistema está completamente fechado para entrar digitalmente”, disse Yoris, na manhã desta segunda-feira, sobre a impossibilidade de se candidatar.

Segundo ela, o problema não é somente com seu nome, já que são os partidos que não estão tendo acesso. “Esgotamos todos os meios ao nosso alcance para resolver isso”, destacou, explicando que sua equipe tentou ir pessoalmente ao CNE, mas não conseguiu porque o lugar está “ocupado militarmente”.

No domingo (24), o bloco opositor Plataforma Unitária divulgou uma carta dirigida ao reitor e integrantes da diretoria do conselho eleitoral em que a MUD informa não ter acesso ao sistema para inscrever candidatos e pede uma prorrogação de três dias no prazo de registro.

No mesmo dia, a deputada chavista e ex-ministra do Serviço Penitenciário Iris Varela ressaltou que Yoris não poderia se inscrever por ter nacionalidade uruguaia – segundo a Constituição venezuelana, somente podem se candidatar a altos cargos públicos venezuelanos de nascimento que não tenham outra nacionalidade.

A acusação foi desmentida por Pablo Viana, membro da Comissão de Constituição, Códigos, Legislação Geral e Administração da Câmara de Deputados do Uruguai. Ele explicou que somente pode ter nacionalidade uruguaia quem for nascido no país, filho ou neto de uruguaios, o que não é o caso de Yoris.

Nesta segunda, o presidente Nicolás Maduro se inscreveu para a eleição presidencial, acompanhado por uma marcha chavista e afirmou: “direita arrasada, no dia 28 de julho, vai ter eleições com vocês ou sem vocês”.

“Tenham certeza de que assim como nós, [que] em 31 eleições ganhamos 29, no dia 28 de julho será a eleição número 30 que a Revolução Bolivariana vai ganhar”, afirmou Maduro para apoiadores na praça onde fica o CNE.

Fonte: Externa

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