O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (19) que o Brasil ainda depende do dólar mesmo depois que o governo optou por reduzir a dívida externa e compensá-la com aumento da dívida interna, movimento que aconteceu a partir do início dos anos 2000.
Em palestra organizada pelo FMI, Campos Neto voltou a dizer que o BC só deve intervir no mercado de câmbio em caso de disfuncionalidades de forma a evitar criar novas distorções financeiras. Ele afirmou ainda que um país que não intervém de forma alguma no câmbio erra tanto quanto um país que interfere demais.
“Se o câmbio está se valorizando porque as pessoas estão comprando dólar, deve ser porque as pessoas perceberam um risco que é maior. E você não quer que essa variável não reflita o risco”, disse.
Se você gostou desse post, não esqueça de compartilhar!
Campos Neto afirmou que, no caso do Brasil, uma eventual intervenção pesada no câmbio pode gerar uma migração de investidores para outros ativos em busca de proteção, o que impactaria a curva de juros do país, afetando também a rolagem da dívida pública.
O presidente do BC disse não ser verdadeiro o argumento de que a troca de dívida externa por interna acabou com a vulnerabilidade do Brasil em relação ao dólar.
Segundo ele, parte dos detentores dos títulos públicos brasileiros são estrangeiros, que precisam vender dólares e comprar reais para fazer as operações. Com isso, movimentos na curva de juros acabam impactando a demanda por dólar.
“Você está emitindo dívida na sua própria moeda, mas você não pode esquecer que parte do que te permitiu fazer isso é porque você trocou dívida externa por dívida interna de longo prazo”, afirmou, ponderando que essa relação ficou menos intensa no Brasil do que em outros países.