“O Brasil vai exportar US$ 2 bilhões em frutas, por ano, e essa marca deve vir nos próximos três anos, no máximo em quatro”, diz Guilherme Coelho, presidente da Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados). A fala de Coelho é quase uma profissão de fé, mas desta vez com muita chance de acontecer no tempo estimado. O Brasil demorou décadas para alcançar definitivamente a marca de US$ 1 bilhão nas exportações de frutas, que vieram a ocorrer a partir de 2019. Antes disso, a marca havia sido atingida em 2008 e nunca mais. No ano passado, a exportação de 1,1 milhão de toneladas rendeu exatos US$ 1,349 bilhão (R$ 7,07 bilhões na cotação atual).
“A demanda por frutas no mundo continua crescendo. Abrimos recentemente o mercado de avocado, tangerina e lima para a Índia, que tem 1,4 bilhão de habitantes. Vamos abrir o de uva na China, também com uma população de 1,4 bilhão”, afirma ele. “Hoje, 70% do que o Brasil exporta vai para a União Europeia, que tem 500 milhões de habitantes. Temos que correr com as exportações de frutas para onde tem muita gente.”
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Na estreia participaram 300 marcas, 45 países visitantes, 14 países expositores, entre eles França, Holanda, Itália, Portugal, Grécia, Espanha, Argentina, Chile, Uruguai, Estados Unidos, Nova Zelândia e Egito. Do Brasil, participaram empresas de 8 estados brasileiros. Para Maurício Macedo, CEO da Fiera Milano Brasil, organização responsável pela operação brasileira, a participação robusta já na primeira edição da feira mostra a atratividade do mercado brasileiro no âmbito internacional.
“Foram agendadas cerca de 1.000 rodadas de negócios. O Fruit Fórum, com apresentação de conteúdo relevante e experts do setor, resultou em 20 horas de evento. Participaram da feira mais de 100 co-expositores e produtores locais”, afirma Macedo. “São números impressionantes para a primeira edição de um evento que já nasce forte e com expressivo engajamento das principais instituições brasileiras ligadas ao setor, como a Abrafrutas.” A entidade tem atualmente 92 associados, responsáveis por 78% de toda a fruta exportada do Brasil.
A Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) também esteve no grupo de frente dos parceiros com o Programa de Compradores Internacionais. “A Apex participa de cerca de 1.000 eventos por ano, dos quais metade são de agro. Mas ainda temos poucas feiras no Brasil”, diz Laudemir André Müller, analista de negócios internacionais da ApexBrasil. “Daí a importância de espaços como a Fruit Attraction.” O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, mas está na 23ª posição entre os maiores exportadores. Para Müller, o país precisa de uma maior cultura exportadora. “Para a fruta fresca também, porque quanto mais fresca, mas tecnológica ela é”, diz Müller.
A estimativa é de que as tratativas iniciadas na Fruit Attraction gerem R$ 1 bilhão em negócios ao longo de um ano. Para o espanhol Jaime Martin Bernard, diretor de expansão internacional da IFEMA Madrid, a expectativa é de os negócios garantam a continuidade da feira. “Fazemos o mesmo evento há 16 anos na Espanha e escolhemos o Brasil pelo seu potencial de crescimento”, diz ele. “Nesta primeira edição, o espaço da mostra foi de 9 mil metros quadrados e para 2025 deverá ir para 20 mil metros quadrados.”