O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou hoje que vive com a sensação de que pode ser preso a qualquer momento. Indiciado três vezes pela Polícia Federal (PF) desde que deixou a Presidência, ele voltou a dizer que é acusado injustamente e que não há razão para estar inelegível em 2026. Para a próxima eleição presidencial, Bolsonaro disse ser a opção viável e ironizou o que chama de “direita limpinha” e presidenciáveis de “pequena idade”.
“Como é que você acha que eu acordo todo dia? Com uma sensação da PF na porta. Qual acusação? Não interessa”, afirmou Bolsonaro em entrevista de quase 1h30 ao AuriVerde Brasil, canal no YouTube para o qual concede entrevista com frequência. Nesta semana, foi a segunda entrevista do ex-presidente.
Bolsonaro voltou a afirmar que se sente alvo de perseguição política, mas que espera ter um julgamento justo. “O problema não é pelo que estou sendo acusado. É quem vai me julgar”, afirmou em referência ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos em curso contra ele no STF.
Apesar do cenário jurídico adverso, Bolsonaro reiterou que é o principal opção da direita para 2026 e disse que não citaria um nome alternativo para apoiar. “Só falo algo parecido aos 48 do segundo tempo quando realmente não tiver mais chance”, disse.
Sem falar em nomes, o ex-presidente ironizou outros quadros. “Eu sou a canoa velha para atravessar o rio cheio de piranha. (…) Não fica inventando terceira via, direita limpinha, não sei o quê, fazendo gestinho pra lá, pra cá.”
A quase dois anos das eleições de 2026, o influenciador Pablo Marçal já se lançou como candidato ao Planalto. Na campanha pela Prefeitura de São Paulo, em 2024, ele costumava fazer o “M” com os dedos da mão para popularizar seu nome, terminou em terceiro lugar, em uma disputa acirrada. Semanas atrás, o cantor sertanejo Gusttavo Lima, ainda sem filiação partidária, também declarou ter interesse em se candidatar à Presidência.
O ex-presidente também minimizou nomes de “pequena idade” e que desejam resolver problemas “na base da lacração”. “Não quero falar coisa aqui que dê dica de quem seriam essas pessoas, mas se coloque naquela cadeira [da Presidência]”, declarou. A afirmação ocorre após quadros do PL se entusiasmarem com o desempenho do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) no episódio do Pix. O alcance do vídeo do parlamentar criticando a norma da Receita Federal foi considerado crucial para o governo Lula revogar a medida sobre monitoramento das transações. Nikolas tem 29 anos e só poderia se candidatar ao Planalto aos 35 anos.
Durante a entrevista, Bolsonaro defendeu que seja feita “a limpa” no PL por haver uma “meia dúzia de oportunistas”.
Bolsonaro ainda elogiou as primeiras medidas de Donald Trump, que tomou posse como presidente dos Estados Unidos na segunda-feira (20). Ele não participou da cerimônia porque o ministro Alexandre de Moraes negou a devolução do passaporte. A Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestou-se contra a autorização e Moraes apontou para o risco de fuga.
“Eu não vou sair do Brasil. A não ser que a PF me bote num avião e mande embora. Fora isso, não vou sair do Brasil”, afirmou.
Bolsonaro concordou com a declaração de Trump,sobre o Brasil precisar mais dos Estados Unidos, e não o contrário. “É a realidade. ‘Ah não deve ser assim’. Não interessa o que você pensa. Interessa como são as coisas”, disse.
O ex-presidente também disse ter ficado alegre por ver Mark Zuckerberg na cerimônia de posse. O CEO da Meta, responsável pelo Facebook e Instagram, anunciou mudanças recentes na política de moderação de conteúdo, em linha ao defendido por Trump e políticos à direita.
“Que alegria de ver o Zuck. (…) Não é meu amigo não, porque nunca falei com ele. Mas o [Mark] Zuckerberg vir para o nosso lado. Ir para o lado do Elon Musk entre outros. Liberdade”, disse.