Rafaella Justus, de 14 anos, filha do empresário Roberto Justus e da apresentadora Ticiane Pinheiro, realizou uma rinoplastia (plástica no nariz) no início de fevereiro. O resultado foi compartilhado no TikTok da adolescente, com a legenda “Rinoplastinada”.
A questão traz à tona os riscos e cuidados necessários para a realização de cirurgias plásticas em adolescentes. Vale destacar que, de acordo com a Sociedade Internacional de Cirurgias Plásticas Estéticas (ISAPS, na sigla em inglês), o Brasil é o país que mais faz cirurgias plásticas com fins estéticos no mundo.
Quais os riscos de cirurgias plásticas entre adolescentes?
Para o cirurgião plástico Antonio Pitanguy, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), os adolescentes são especialmente vulneráveis a questões que podem colocar em xeque o sucesso da cirurgia.
De acordo com o especialista, essa faixa etária é mais suscetível a pressões sociais, o que aumenta a probabilidade de arrependimentos. “É preciso saber se é um desejo de seguir uma moda passageira ou algo permanente e benéfico no longo prazo”, pontua.
Ainda segundo Pitanguy, o fato de os adolescentes muitas vezes misturarem a realidade com o que é mostrado nas redes sociais também pode gerar frustrações. “É preciso que ele alinhe as expectativas do procedimento cirúrgico com a realidade e não com uma foto irreal e cheia de filtros que ele viu no Instagram”, aconselha.
Outro ponto destacado pelo especialista é que os adolescentes tendem a ser mais inconsequentes do que os adultos, o que pode colocá-los em perigo. “Muitas vezes, aflitos para realizar um procedimento e sem muitos recursos, eles acabam chegando a profissionais despreparados e, assim, colocam a sua saúde em risco”, explica.
Como evitar problemas
Antes de qualquer coisa, é necessário que os adolescentes sejam acompanhados pelos seus responsáveis durante todo o processo, antes e depois da cirurgia, diz Pitanguy. “É preciso que os responsáveis conversem e entendam se (a cirurgia plástica) é uma questão realmente importante para o bem-estar do adolescente ou não”, orienta o médico. “Uma sugestão é procurar acompanhamento psicológico para o jovem, para que ele tenha mais clareza sobre o que deseja antes de seguir com a cirurgia”, ensina.
Além disso, o cirurgião plástico André Maranhão, também da SBCP, destaca a importância da avaliação de um cirurgião plástico para confirmar se é possível realizar o procedimento. “O médico vai investigar, por exemplo, se a região em questão já completou o seu desenvolvimento natural”, comenta.
Ainda de acordo com Maranhão, para que tudo corra em segurança, é importante verificar as credenciais do profissional. “Vale a pena checar se ele é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica ou se tem a qualificação de especialista no assunto”, descreve.
Para Pitanguy, os responsáveis também devem ficar de olho nos cuidados do pós-operatório. “Os adolescentes podem não levar tão a sério as recomendações médicas, como a necessidade de repouso, boa alimentação e trocas de curativos. Por isso, nessa fase, é indispensável o acompanhamento de adultos”, destaca.
Apesar de os adolescentes representarem um grupo que exige atenção redobrada quando se fala em cirurgias plásticas, os especialistas ponderam que o procedimento pode trazer benefícios importantes nessa fase – quando bem indicado, claro. “Pode auxiliar na autoestima do jovem que está sendo estigmatizado devido à uma questão estética, por exemplo. A única questão é que isso deve ser feito com cautela”, reforça Pitanguy.