Em julgamento dos executores da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, criticou a inação da Polícia Civil do Rio de Janeiro em investigar o crime organizado. Os dois réus, que confessaram terem cometido os assassinatos, foram policiais militares e ligados a grupos de extermínio. São eles Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz.
O primeiro é apontado como um dos matadores de aluguel do grupo conhecido como Escritório do Crime. Freixo, que era amigo de Marielle, afirmou que apesar do ex-sargento da PM ter um histórico de envolvimento com a criminalidade conhecido, é a primeira vez que ele se senta no banco dos réus.
“Os executores são dois agentes da segurança pública. São duas pessoas que durante anos deveriam trabalhar para a proteção do cidadão, para a proteção do Estado. Hoje, eles estão no banco de réus por assassinar Anderson e Marielle. Foi o primeiro homicídio em que eles estiveram envolvidos? Quem é da Segurança Pública sabe que não, mas é a primeira vez que se tornaram réus”, disse Freixo.
Em entrevista a jornalistas no intervalo do julgamento, Freixo subiu o tom contra a Delegacia de Homicídios, responsável pelas investigações do caso por cinco anos. Nesse ínterim, cinco delegados ficaram à frente do inquérito por conta das frequentes substituições na especializada.
“Por que durante tantos anos a Delegacia de Homicídios não investigou assassinos profissionais que mataram em nome do crime? Talvez a sede do Escritório do Crime tenha sido, ao longo de muitos anos, a Delegacia de Homicídios”, disse Freixo.
As investigações só avançaram quando a Polícia Federal assumiu o inquérito e os réus fecharam acordos de colaboração para apontar os mandantes da execução de Marielle. Na delação de Lessa, o ex-PM apontou como autores intelectuais do crime: Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio; Chiquinho Brazão, deputado federal; e o delegado Rivaldo Barbosa, que comandou a Polícia Civil.
Esse último foi o chefe da Divisão de Homicídios do Rio, que comandava todas as delegacias especializadas neste tipo de crime no Estado. Segundo Lessa, sob a gestão de Barbosa, havia um esquema em que as DHs garantiam impunidade ao crime organizado. O delegado nega as acusações.
O tribunal do júri que vai julgar os ex-policiais militares começou nesta quarta-feira (30) e não tem previsão de quando acabará. Ao todo, nove testemunhas serão ouvidas.