A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse nesta quinta-feira (11), que as pressões inflacionárias seguem em queda na zona do euro mas que os membros do comitê de política monetária precisam de mais confiança de que a inflação seguirá para a meta. “Não vamos ter uma desaceleração linear da inflação nos próximos meses e enfrentaremos alguns solavancos no caminho”, disse ela. Lagarde estima que a meta de inflação de 2% será atingida apenas em 2025.
“Estamos dependentes de dados e na próxima reunião em junho teremos muito mais dados e novas projeções para ter mais confiança para cortar os juros”, disse ela, durante coletiva que se seguiu à decisão de política monetária.
Lagarde explicou que o mercado de trabalho segue aquecido, com a taxa de desemprego em seu menor nível desde a criação do euro, mas está esfriando gradualmente. “Dados recentes indicam que o crescimento dos salários também está desacelerando”, afirmou.
No comunicado do BCE, Lagarde lembrou que inflação caiu de 2,6% em fevereiro para 2,4% em março e que as medidas de inflação subjacente caíram ainda mais em fevereiro, confirmando o movimento de queda das pressões de preços. Porém, ela reiterou que, devido ao efeito-base da comparação com o ano anterior, quando os preços de energia caíram muito, os dados de inflação podem oscilar para cima e para baixo nos próximos meses.
Questionada sobre o impacto do aumento da inflação americana – que veio acima do esperado em março e que pode levar o Federal Reserve (Fed) a adiar os cortes de juros previstos para junho – nas decisões do BCE, Lagarde reiterou que o banco central é dependente de dados e não do Fed.
“Não especulo sobre o que os outros bancos centrais farão ou não farão. Não dependemos da inflação americana. Somos dependentes de dados da zona do euro”, disse. Lagarde lembrou também que a inflação da zona do euro tem natureza diferente da inflação dos EUA, com políticas monetárias e fiscais distintas. “Não posso dizer que vai acontecer aqui o que aconteceu com a inflação nos EUA”, afirmou.
Lagarde evitou traçar um caminho para a política monetária da região. Ela afirmou que o BCE ainda vê a inflação do setor de serviços resiliente e que os conflitos geopolíticos podem impactar a inflação se provocar alguma interrupção nas cadeias de abastecimento. Ela disse, contudo, que o BCE não vai esperar a inflação chegar na meta de 2% para agir.