O fundo Verde, liderado por Luis Stuhlberger, fechou março com valorização expressiva, de 1,52% (mais de 180% do CDI), com ganhos nas estratégias de moedas, ações no Brasil e no exterior, juros globais, minério de ferro e no livro de “trading”, segundo relatório de gestão divulgado nessa segunda-feira (8). As perdas se concentraram em juros brasileiros, tanto reais quanto nominais.
Na carta aos cotistas, a gestão escreve que o preço mais importante do mundo – a taxa de juro americana – continua dominando as atenções do mercado de maneira quase absoluta. A alta dos juros futuros nos Estados Unidos colocou pressão em todas as outras taxas negociadas mundo afora, incluindo as brasileiras, impactando as demais classes de ativos.
A Verde destaca, contudo, que houve mudanças marginais importantes que complementam esse contexto de juros para cima. Cita, por exemplo, a alta de 12% do preço do petróleo tipo Brent, em reação a questões geopolíticas como a guerra entre Rússia e Ucrânia e o conflito no Oriente Médio.
Vários indicadores do ciclo manufatureiro de curto prazo mostram sinais de aceleração num ano em que as eleições americanas já entraram no radar, com discussões sobre barreiras tarifárias que podem trazer consequências para a inflação.
Por outro lado, a gestora aponta haver indícios de um choque de oferta bastante positivo que tem impactado a economia americana, fruto do boom de imigração, somado, potencialmente, aos efeitos da inteligência artificial.
“Apesar das inúmeras complexidades do cenário, temos mantido o portfólio alocado em ações e com posições aplicadas no juro real americano”, afirma a Verde, no documento.
O Brasil, por sua vez, tem criado ruídos de toda sorte, com interferência na gestão de estatais, conflitos entre poderes e agendas macro “mal coordenadas”, continua a gestão. “Ainda assim, a economia segue surpreendendo positivamente e com inflação bem controlada, enquanto os ativos ficam mais baratos. Vemos uma assimetria interessante se formando na parte curta da curva de juros brasileira como combinação da dinâmica global e dos ruídos locais, e gradativamente temos aumentado risco ali”.
A Verde manteve as posições em bolsa no Brasil e no exterior e aumentou a parcela aplicada em prefixados curtos no mercado local. No mercado global, segue aplicada no juro real americano. Manteve ainda a pequena alocação em petróleo, enquanto a posição “vendida” (apostando na baixa) em minério de ferro maturou.
A exposição em crédito high yield local e global permanece na carteira. Em moedas, o fundo Verde ainda tem posições compradas no peso mexicano e na rúpia indiana, financiadas por posições vendidas no euro, no franco suíço, no renminbi chinês, e no dólar de Taiwan.